sábado, 27 de dezembro de 2014

BALANÇO DE 2014



Fim de ano hora de fazer um profundo balanço dos acontecimentos que nós envolvemos, modificaram a realidade a nossa volta e que marcaram em definitivo o processo histórico.

Certamente refiro-me aos fatos políticos, econômicos e sociais. O ano de 2014 marcou os 100 anos da 1ª Guerra Mundial, os 97 anos da revolução Russa, 55 anos da revolução Cubana.

No Brasil acompanhamos os condenados do “mensalão” terem suas vidas transmitidas ao vivo, como um reality show, todos os seus passos viraram notícias, os donos da imprensa brasileira realmente foram um capítulo a parte, que nos já sabíamos do processo de agendamento Setting, mas não imaginávamos tamanha cara de pau dos donos da indústria da informação.

Contudo, os condenados não eram os protagonistas dos principais eventos eram apenas figurantes de uma novela que ganharia diversos capítulos esse ano, como a questão dos desvios de recursos na Petrobrás, nas prévias eleitorais, nas redes sociais, na morte de Eduardo Campos, na escolha de Marina Silva para substituí-lo, nos debates do primeiro turno, o resultado do primeiro turno, as movimentações de bastidores, e por conseqüente eleição de Dilma, a posse será apenas o primeiro capítulo do ano que vem.

Voltando ao principal acontecimento do ano, não como uma escolha, mas sim como um fardo é que devemos discutir o papel das indústrias da informação, não foi um jornalista especifico, nem mesmo apenas um editorial, mas foi uma estratégia articulada e discutida, por um setor da sociedade que deveria romper com os laços de controle, da submissão passiva e inexpressão reacionária.

Se por um lado os barões das comunicações se revelaram um setor organizado e disciplinado como um exercito, por outro lado não vimos uma rebelião dos explorados a serviço desses porcos. Explico, vivemos em uma sociedade capitalista e sabemos nossos limites, mas mesmo assim não vejo os trabalhadores das montadoras irem para rua defender os interesses dos patrões, nem tampouco vejo um comerciário fazer a mesma coisa, ou um professor, mesmo com a condição de classe eles apenas vendem sua força de trabalho, mas se colocam contra seu títeres na medida que seus próprios interesses são combatidos.

Percebemos de uma maneira geral que os jornalistas não estão organizados, não combatem de forma geral o papel da indústria das comunicações, estão de joelhos e subalternos aos interesses do grande capital, fazem coro inclusive contra a regulação estatal da mídia, mas não vi nenhuma movimentação de impacto por parte deles em caminharem para uma auto-regulamentação, mas mesmo na desgraça aparecem novas soluções as mídias sociais se revelaram uma ferramenta poderosa nas mãos do povo, dos trabalhadores e do próprio PT.

Contudo, deve-se compreender o papel histórico dessa maioria de comunicólogos, arautos do nada, que definiram seu papel por um motivo corporativo, para eles se esconderem atrás da defesa incondicional da democracia e da liberdade de imprensa mesmo que ela seja passional e pró-imperialista, é determinado pela sua condição social e sua condição social é o monopólio para produzir sua acumulação primitiva.

Uma reserva de mercado, destinado aos mais esclarecidos, aos que foram preparados na academia, esses iluminados é que devem ter o monopólio da produção jornalística, e somente a eles a verdade obedecerá a linha de informação.

Não entende o tolo que esse caminho não tem mais volta, que seu preconceito contra o texto não “jornalístico”, assinado por um jornalista de formação não é mais um exigência do mercado, e que a vocação ou mesmo o trabalho dedicado pode perfeitamente substituir o douto letrado em comunicação, pois a Dona Maria, feirante do bairro do Guamá, informa seus associados pelo telefone, das assembléias, das reuniões e das relações com a administração da feira, usando tão somente o aplicativo de mídia social, os comunicólogos estão passando a mesma coisa que os operários fabris antes da revolução industrial passaram.

O apego do comunicólogo ao pretender que somente ele, e ninguém mais possam realizar esse trabalho não passa de um apego mesquinho e que revela um papel retrógado no novo cenário mundial. As novas formas de comunicação pegaram os jornalistas de calças curtas, a evolução tecnológica solapou o conhecimento do papel do comunicólogo para então o colocar contra a corrente da história.

Não se pode negar o papel revolucionário do desenvolvimento tecnológico e da internet nesse novo mundo que surge mantendo as desigualdades sociais, banalizando a fome e jogando ao desespero milhões que estão condenados a serem uma periferia subdesenvolvida, subnutrida e submarginal.

A cada uma dessas alternativas deveriam me ocupar para seu detalhamento, incluindo os novos conceitos os quais tenho trabalhado, mas fugiríamos do tema proposto, mas prometo que será produto de um trabalho maior.

Contudo, a internet como dito em outros artigos, foi produto histórico de um desenvolvimento combinado e desigual de dois sistemas econômicos distintos, ao final da guerra fria e com a derrubado do muro de Berlim, era necessário construir mecanismo para exportar para os países do bloco soviético as teorias liberais que acelerariam a derrocada do Socialismo deturpado pelo Stalinismo.

Pois, a estrutura de comunicação estava ainda sobre controle dos Estados Operário deformados, não havia sentido, nem mesmo estrutura e muito menos tempo para avançar a reconstrução do capitalismo na região, mas a tática leninista de apostar em pequenos grupos carbonários, com uma estrutura própria de comunicação permitiria construir pequenas células de poder que na ausência de uma direção revolucionária, substituiria por um movimento retrógado de conteúdo, mas progressivo de idéias e inovações tecnológicas.

A compreensão desse processo definitivamente não é fácil de explicar, mas o papel que desempenhava as redes de comunicação construída com a tecnologia que eram apenas utilizadas pelos militares e pelas universidades americanas, o que dão a verdadeira dimensão dos investimentos feitos pelo Imperialismo para derrotar os soviéticos.

Uma vantagem competitiva sine qua num fora simplesmente descartada para conseguir a derrocada do Socialismo enquanto sistema econômico, político e social, mas a cartada era maior, eles queriam mesmo derrota o Socialismo no campo das ideologias.

De certa forma se apressaram, não foram poucos que se lançaram no intuito de colocar um fim a história, mas passado alguns anos, e a distância temporal permite uma análise menos passional, percebe-se que o Socialismo ainda é uma utopia de milhões, e mesmo que os anéis (internet) tivesse ido embora, eles mantiveram seus dedos com as cordas de marionetes e agora com os domínios que eles almejavam, mas falharam em suas estratégias e hoje sua principal arma se volta contra eles, mas isso é tema para outro artigo.

O que temos que compreender aqui é que a internet vem sendo utilizada pela esquerda de uma forma que o Imperialismo não imaginava, o desenvolvimento de uma parte da indústria tecnológica permitiu a ampliação de mercados de consumo que antes eram restritos aos centros cosmopolitas das grandes cidades, mas hoje a periferia do planeta começa, mesmo que em pequenas proporções a ter acesso a um PC e a uma rede de informações.

Essa revolução que começou como um processo de derrubada do Socialismo Real, agora se voltou contra seus idealizadores, e essa mesma revolução não é compreendida pelos homens e mulheres que se calam ante o abuso do poder pela mídia, e somente as redes sociais levantam hoje essa bandeira.

Não estou aqui propondo que os Sindicatos de Jornalistas pelo país aceitem o fato que eles não podem e nem devem ter a exclusividade da produção jornalística, nem tampouco estou falando que eles devem ocupar as redações e propor jornais de conteúdos revolucionários, seria um sonho que não ouso ter, mas sim serem críticos do papel que seu silêncio tem proporcionado aos barões da indústria da informação.

Esse sim foi o principal fato do ano, obviamente que essa só é a primeira parte dessa avaliação, temos ainda que discutir o processo eleitoral e seus resultados, incluindo a tentativa de golpe de direita, mas postaremos essas análises nos próximos artigos, antes do ano novo.




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