terça-feira, 27 de outubro de 2015

Por que ficar no PT?

Não é de hoje que publico minhas divergências políticas com a cúpula do PT, na nacional, no estado e nos municípios que milito, confesso publicamente que não fui importunado pela direção partidária por expor minhas diferenças, por vezes cheguei a pensar que eles imaginam que lêem meu blog, de um velho militante, afinal comecei minha carreira na política em 1986, no Colégio Lauro Sodré, e estamos chegando a 30 anos de muito combate e de muita luta.



Sei que alguns me consideram um fanático e, devo em alguns momentos concordar, mas como diria Marx, ser radical nada mais é do que defender alguma coisa até a raiz.

Então continuo na minha luta política com a bandeira do marxismo defensista, aos modus marceleça, sempre fazendo das minhas análises um período dividido em dois momentos, o atual e o futuro, pois as projeções futuras a partir da análise dos impactos presentes dentro de uma metodologia marxista é a minha única prioridade como militante.

Sim meus amigos e companheiros de PT e de luta social, sou um velho marxista que segue essa estrada turbulenta com os olhos e mentes voltadas para o aperfeiçoamento do Marxismo a partir de sua análise de queda. Queda das URSS, da queda do leste europeu, mas acima de tudo do simbolismo que representa a queda do muro de Berlim. 

Desses impactos em nossa realidade e o que eles representam para a luta política dos explorados, sim nessa formulação teórica temos um lado! Dessa análise um grupo rompido com a Causa Operária em 1994, construiu a partir das leituras de Trotsky a formulação dos defensistas atuais, e neles eu me incluiu, por mais que tenha diferença nas estratégias da LBI, louvo os camaradas que tiveram essa ousadia de propor uma formulação exata para o que estava acontecendo no mundo naquele momento, coisa que nenhuma outra organização no Brasil ou mesmo na America Latina cultivava – a defesa dos estados operários, mesmo que deturpados impediriam a volta ao capitalismo nos estados do Leste, na URSS e em todo o mundo.

O defensismo revolucionário é uma leitura do livro escrito pelo comandante do Exercito Vermelho, no qual ele análise os diferentes momentos da luta de classes de sua época e mesmo não concordando em uma só linha ou palavra com os súditos de Stalin, eles defendia a todo vapor o estado operário russo, em frente a qualquer ameaça estrangeira ou mesmo dos Cassacos Brancos.

Contudo a confusão que se arremeteu toda esquerda não é culpa dela, e sim de anos e anos de enganação dos pseudos trotskista, como é o caso do lambertista, dos morenistas e de outras vertentes que abandonaram os ensinamentos do velho comandante, que aqui são representados por correntes como o PSTU, PSOL, PCO, DS e tantas outras que nem existem mais ou novas vertentes que já nascem completamente natimortos, pois não fazem as análises necessárias para enfrentar a hercúlea tarefa de decifrar a queda do sonho socialista.

Para eles a Perestroika e a Glasnost eram o início da revolução política antecipada por Trotsky, para eles a luta política social nos estados operários degenerados começavam a dar frutos, ledo engano, pois para Trotsky a revolução política necessária deveria ser produto direto da organização dos comunistas em um partido político carbonário, ou seja, da ação direta das massas escravizadas pelos stalinistas, e não ao inverso, contudo, a queda antes de ser inevitável era um real ataque das forças do capital em plena fronteira socialistas.

A guerra fria no final dos anos 80 começava a esfriar, as disputas entre os blocos não mais resistiam as novas fronteiras do saber, mas mesmo assim, ainda não indicavam, como ainda não indicam, a superação das principais mazelas sociais como a fome e a miséria de milhões, todavia, a luta política alcançava graus de aperfeiçoamento típicos, entre eles uma analisada por mim, onde a esquizofrenia fora utilizada de forma métrica para ataques a uma pequena parte da vanguarda revolucionária global, para não aparecer, mas que foi identificado como fenômeno e estudada em dois artigos publicados em meu blog Dilacerado, “A Revolução no Divã” e a “Esquizofrenia do Ser Revolucionário”, por isso não entrarei em detalhes, mas esse processo constatou um diversificação das formas como a 

burguesia aperfeiçoou a luta política com um grau de precisão nunca visto antes e que a internet foi fundamental para essa modificação da luta política por partes dos setores dominantes.

Muito embora o processo de luta política da década de 90 do século passado possa parecer distante, o que hoje vivemos está em completa sintonia com o que aconteceu no passado, livros e escritos, pela LBI e por mim, são provas disso, mas antes de nos glorificarmos desses feitos heróicos, temos que ter a convicção que o processo que hoje estamos vivendo nada mais é que o desdobramentos da queda do Muro de Berlim, e o posicionamento dos diferentes grupos políticos hoje, em suas análises e sínteses são corretas ou não, são diretamente afetadas pelas suas ausências de avaliação do fim do socialismo real!

Essa é a grande questão que ainda não começamos a debater, todo o restante são apenas desdobramentos dessa análise!

E o que isso tem haver com a crise no país e no PT?

Tudo, afinal, o processo que começou com a queda do Muro de Berlim previa em suas linhas gerais um avanço estratégico, principalmente nos países recém conquistados do Leste Europeu, mas ainda tinha fôlego para soergue na America Latina seus domínios, mas isso não foi um sucesso completo, houve resistência, mesmo que não mais organizada pelos partidos comunistas, mas a presença de analises que permitissem uma reação impediu que eles conseguissem completar a segunda etapa, tão importante para a estratégia deles, fazer do mundo uma aldeia global de livre circulação de capital.

Logo a Venezuela, Chile, Bolívia, Argentina e Brasil, que ficaram calados na primeira metade da década de 90 foram além da crítica, em outros períodos históricos certamente haveria revoluções populares, mas com a vitória da estratégia do Consenso de Washington, a tomada de poder pela força não era mais uma opção inteligente, a luta política se limitaria aos processos eleitorais, e agora com mais força por parte das esquerdas perdidas e sem perspectivas estratégicas, afinal não sabiam e ainda não sabem que caminho seguir

Esse processo para longe da compreensão dos que estão apenas acostumados a somar dois mais dois, não perceberam o refinamento das estratégias do grande capital, e aqueles que perdidos na floresta encontraram destroços abandonados de um carro não mais identificariam esse carro, apenas ferro reduzidos a oxidação do tempo, mas para os operários do saber bolchevique esse carro, mesmo que reduzido a lixo dava pista para onde seguir e o que encontrar.

Que ver um exemplo disso, a formação da Conlutas no Brasil, foi uma idéia que surgiu primeiramente em nossos debates dentro da LBI e depois tomou corpo e foi aprovado em um encontro em Brasília, mas isso é outro debate, o que se quer aqui esclarecer que o processo permitiu mesmo que a duras penas, resistir!

O que nós estamos atravessando hoje é o processo de consolidação da estratégia de derrubada dos estados operários que ainda não se consolidou de forma definitiva devido as resistências resilientes nos países periféricos, o que Trotsky chamava de desenvolvimento desigual e combinado, por esse processo, as relações econômicas do planeta são ligadas e desligadas a partir da compreensão das diferentes etapas de lutas de classes no globo.

No Brasil o PT assumiu a tarefa de governar para diminuir o enorme fosse entre os ricos e a grande maioria de pobres e miseráveis, invertendo uma lógica de mais de 500 anos, e que hoje está completamente ameaçada, pois a derrubada do muro de Berlim não previa a inclusão de pessoas no mercado de consumo, da mesma forma como não previam a ostentação da China nos últimos 20 anos, eles apostaram na derrocada da China e de Cuba, países ainda com o controle de capitais e com um estado fortemente envolvido nas questões econômicas dos seus respectivos países, por isso o PT, mesmo que conivente com o capital apresenta essa ameaça.

Em outros momentos históricos o PT para sobreviver faria o que Fidel o fez avançar rumo ao socialismo, mas não temos mais um inteligência coletiva, produto de um debate coletivo, o PT não é mais esse partido, devo confessar que ele nunca foi, mas enfim, o que é importante é perceber que se apesar de não ter ido mais longe, ele caminhou contrariando os interesses da burguesia planetária, antes mesmo que eles consolidem essa etapa final de sepultar o Socialismo, e esse papel coube ao PT, com política pública!

Obvio que foi pouco, mas foi o suficiente para que a irá deles caíssem sobre nós, e esse papel que coube ao PT, certamente apostar que essa seria uma caminhada possível, sim, foi arriscar demasiadamente, por isso ficamos no PT, para que essa tarefa seja realizada, como o foi, certamente de maneira muito tímida, mas nós a fizemos, mantivemos acessa toda a ordem do pensamento marxista, construímos teorias e práticas que permitissem acompanhar o longo processo de refinamento da luta política e acertamos de forma definitiva, toda a crise aqui apresentada dentro e fora do PT foi um processo pensando, articulado e em movimento em função dessa tarefa e ela foi realizada.

Ficaremos no PT o tempo necessário para defendendo-o, da mais vil forma, a dos que não compreenderam seu papel pela imperícia com o Marxismo, pois esses sim são os verdadeiros criminosos, em falseado Trotsky, brindando a volta ao Capitalismo nos antigos estados operários, mas acima de tudo para dar prosseguimento a nossa tarefa que muda de papel, agora é manter o PT na linha de luta política com esse papel o maior tempo possível para assim dar uma passo em nossa estratégia de luta política, a reconstrução de um verdadeiro partido comunista, mas por hora cada um deve assumir tarefas diferentes e em diversos momentos, somando assim de forma hegemônica das idéias em movimento na luta política.

Ou seja, vamos nos desencontrando e nos encontrando em tantos momentos possíveis até a conjuntura nos permitir em reunir no Partido, mas esse entendimento deve ser absolutamente natural, como se assim fosse respirar, pois é essa tarefa dos revolucionários nesse momento! 

Vamos a luta defender o PT, pois ele é ainda um instrumento necessário para a revolução!

0 comentários: