quarta-feira, 2 de março de 2016

RETOMAR A LUTA SOCIAL POR OUTRAS VIAS – O BANDIDISMO SOCIAL “SOMOS TODOS QUINTINOS”

Foto - Chikaoka

O momento histórico completamente confuso, onde a referência teórica e ideológicas parecem “dissolver no céu”, contudo o que isso significa na prática? Absolutamente nada, e como nada é o processo de desenvolvimento das forças produtivas forçam a tomada de decisões na disputa política dentro do contexto da luta de classes. Esse processo é inadiável não se pretende apenas luta e resistir, mas conquistar espaços, manter viva a chama da revolução e dizer claramente que o processo de construção do Socialismo ainda é crível para nossa época e para nossa realidade.


Durante o último período da luta de classes em nosso mundo tem implicado a um retrocesso das idéias e das lutas sociais, ficamos reduzidos a meros espectadores das regulações estatais, dentro do limites das leis e sob elas não podem ir além, já sabemos que as leis estão postas para a manutenção do status quo, e que nada interessam para os revolucionários, nós queremos mais, queremos mudar radicalmente a sociedade, e para isso, temos que combinar a luta legal e a ilegal, os diversos métodos de luta dos explorados ficaram reduzidos ao seu papel eleitoral, de frente de denúncias para via principal foi um longo e doloroso caminho, mas o revisionista, o social democrata e o liberal conseguirem seu intento.

A confusão mental causada pelos destroços voadores e intangíveis do muro de Berlim causaram mais processos esquizofrênicos que nossos teóricos podiam absorver, e como no limite das ciências eles desistiram de ser marxistas para aproveitar o lixo do senso comum, brandindo derrotas como se elas fossem revoluções políticas, mas mal sabe o arrivista que sua tolice têm conseqüências históricas e ideológicas, e que foi um processo lento e continuo para derrotar a primeira experiência cientifica do Socialismo.

Já se passaram anos desde o fato da derrubada do muro, mas suas análises e avaliações ainda, em sua maioria, continuam completamente deturpadas, negar hoje que houver uma involução, um retrocesso, ou nossos companheiros negam que houve de fato a restauração do Capitalismo nesses países? O que triunfou foi a contra-Revolução!

Trotsky já anunciava o papel dos verdadeiros revolucionário nesse processo, ficar ao lado e defender o estado operário da agressão contra-revolucionária, mesmo tendo o entendimento que o modelo de construção do Socialismo em barreiras nacionais significava na prática a derrota da estratégia global de construção da economia socialista, esse processo de identificação dos estados operário degenerados eram fundamental para compreender que ali não era um movimento progressivo, mas sim passos largos da contra-revolução triunfante.

Essa falta de objetividade nas análises dos pseudos “marxistas” tem uma subjetividade histórica é que merece ser compreendida, pois esse processo em reconhecer como progressiva a contra ofensiva burguesa sobre os estados operário degenerados significa a confirmação de uma profecia que a próxima revolução seria a política respeitando assim as palavras de Trotsky, tolos! A mecânica da realidade social, também indicada por Lev para traduzir a realidade levaria em conta o desenvolvimento desigual e combinado das diversas relações políticas, sociais e econômicas, além das que são de competência da superestrutura social, como a cultura, a arte e a música, além é claro das idéias, esse processo foi simplesmente esquecido, em função de uma pressa em declarar a revolução política que eles brindavam, e com isso levou a ilusão milhares de combatentes que se colocaram ao lado do retrocesso e a volta ao capitalismo.

Esse processo gerou duas graves conseqüências, uma primeira foi a falta de norte que pudessem indicar o caminho para a defesa dos estados operários degenerados e a outra e que o conflito entre a realidade e a ideologia divulgada por esses senhores criaram um ambiente propício para que essa vanguarda desenvolvessem aspectos mentais esquizofrênicos e com isso uma grande parcela dessa mesma vanguarda foi perdida para a luta revolucionária, essa etapa já analisamos em perspectiva em dois artigos, A Revolução no Divã e A Esquizofrenia da Luta Revolucionária, ambos estão no blog.

Logo essas confusões construídas a partir de uma equivocada, para não dizer criminosa, avaliação dos fatos da luta de classes no período em questão revela não somente uma ação orquestrada para dizimar os estados operários, mas teve um grau de sofisticação ao ensejar loucuras na vanguarda que poderia compreender a história e indicar outro rumo.

Contudo estamos aqui e hoje temos que aprender com os erros do passado e construir alternativas para a luta hoje, e isso significar falar a verdade, por mais dura que seja, por mais cruel que possa parecer e, acima de tudo, por mais que ela seja completamente desfavorável aos nossos interesses e lutas.

Nesse sentido hoje estamos em completo recuo, não é de hoje que identificamos refluxos nas lutas sociais, se hoje temos mais pessoais sindicalizadas, temos menos companheiros e companheiras participando diretamente das decisões e das lutas políticas, a forma pequena com se a esquerda faz política é representativa da forma que o Stalinismo ainda carrega, sua superação não é algo fácil ou mesmo necessária nessa etapa, mas deve-se reconhecer sua força, nesse caso cabe apenas focar nossas ações em novas formas de lutas, não mais aquela iniciada com a formação do PT e da CUT nos anos 80, que criou uma burocracia sindical que ainda manda em seus respectivos sindicatos e com isso abordou uma geração inteira de novos quadros.

Recuperar nosso antigo potencial de criar seres pensantes é a nossa prioridade numero um e com isso começar a reconstruir uma nova vanguarda, mas para isso é necessário combinar duas grandes ações, a luta legal e a luta ilegal, não estamos aqui defendendo a volta a guerrilha ou atos isolados de terrorismo, mas construir grupos que possam responder a altura todos os ataques que estamos sujeitos e estamos sendo dizimados nos campos e na cidade.

Articulando nossa capacidade de reagir combinada com uma rígida e abrangente formação política agora economizara tempo no futuro próximo, não que estejamos a beira de uma revolução, mas significa que temos que recomeçar para estarmos preparado para tudo.

Lembrei de uma citação de Hobsbawm sobre o banditismo social, pois para ele rompe com a tradição historiográfica que considera como mero delinquente, um fora da lei, a todo participante em lutas armadas contra o poder estabelecido, situando em um primeiro plano, no campo da investigação histórica, movimentos sociais que os preconceitos ideológicos e sociais haviam relegado ao anonimato dos arquivos policiais, às páginas sensacionalistas dos jornais, lendas, relatos e cantos populares. É por isso que a crítica de Hobsbawm de que os bandidos e salteadores da estrada preocupam à polícia, mas também deveriam preocupar ao historiador, é completamente justa.

Ele conceitua o banditismo social como uma das formas mais primitivas de protesto social organizado e situa este fenômeno quase universalmente em condições rurais, quando o oprimido não alcançou consciência política, nem adquiriu métodos mais eficazes de agitação social. Esta forma de protesto social surge especificamente e se torna endêmica e epidêmica durante períodos de tensão e deslocamento, em épocas de escassezes anormais, como fome e guerras, depois destes ou no momento em que as presas do dinâmico mundo moderno se fincam nas comunidades estáticas para destruí-las e transformá-las. 

O banditismo social se apresenta como uma forma pré-política de resistir aos ricos, aos opressores estrangeiros, às forças que de uma forma ou de outra destroem a ordem considerada tradicional, em condições extraordinariamente violentas, provocando notáveis mudanças em um espaço de tempo relativamente curto. 

O bandido social representa uma recusa individual a novas forças sociais que impõem um poder cuja autoridade não é de todo reconhecida ou sancionada pela sociedade que ajuda e protege ao bandido. A existência desta cooperação por parte de uma população é fundamental para diferenciá-lo do simples delinquente. E ao confrontar-se com os opressores – ainda que por meios criminais- o povo oprimido vê evidenciados seus desejos mais íntimos de rebeldia. Por isso, toma o papel ou é transformado no vingador ou defensor do povo. Estes símbolos da rebeldia popular são homens que geralmente “se recusam a fazer o papel submisso que a sociedade impõe... os orgulhosos, os recalcitrantes, os rebeldes individuais... os que ao confrontar uma injustiça ou a uma forma de perseguição, rechaçam ser submetidos docilmente.”.

A forma como podemos fazer é o debate, mas que nesse momento histórico o que temos que compreender é que temos que resistir e lutar e assim nos mantemos vivo e guerreiros.












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