quarta-feira, 29 de maio de 2013

REVOLUÇÃO



Caminho sobre corpos mutilados
Escuto tiros e bombas, mas logo são silenciados por lamentos.
Braços, pernas e cabeças,
Até bem pouco, elas estavam em seus respectivos lugares.
Desgraçadamente a guerra chegou aqui.

Caminho sobre corpos mergulhados em sangue,
Cachorros se fartam na carne apodrecida pelo sol
Mentes dilaceradas, por ideias inúteis,
Tolos não se precaveram contra o ódio,
Esperavam uma graça divina que não virá!

Caminhos sobre corpos vazios de almas
Entre eles velhos amigos
Percebo-o em seus semblantes na hora da morte
Um profundo arrependimento por terem sido displicentes
Não ouviram os alertas que no Capital só a morte é certa.

Caminhos sobre corpos com sorrisos em suas faces
Para eles a guerra trouxe um fim glorioso
A fome os mata religiosamente devagar
Caminhavam de teimosos
Iam como cordeiros para o abatedouro.

Caminho sobre corpos e vejo o lugar onde nasci devastado
Sobre mim pesa a morte de todos os meus entes e amigos conhecidos
Tiveram que morrer para aplacar minha sede de justiça
Cabe a mim decidir quem vive e quem morre
Caminho sobre corpos enfileirados ao meu pedido

Caminho sobre corpos de quem sempre explorou
Uma gente sofrida e humilde
A mão da vingança chegou
E simplesmente matou a todos
Fui eu quem quis assim

Olho para frente e vejo o sol
Insistindo em sair e ficar acima das cinzas
Uma nova era começa delas
Enfim, meu destino realizado.
Chego ao fim do meu dia de trabalho

Caminhos sobre corpos que imóveis traduzem o caos
E me revela a inutilidade das minhas ações
Olho em minha pistola
Ouço apenas o barulho do disparo
Chegou o fim do meu trabalho.

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