sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Uma bunda ofuscou Brasília.





Confesso que não tenho acompanhado a minisérie Felizes para Sempre?, da TV Globo, tem causado uma sucessão de raiva e incertezas às mulheres nas redes sociais, revoltadas com tanta segurança dessa jovem atriz, que desfila de calcinha pelas TV 's brasileiras, como estivesse em sua casa. 

Não é novidade que sexo vende, a industria pornô é uma das maiores do planeta, segundo Matt Frad, em seu livro “Your Brain on Porn”, que a Websense, o número de sites de pornografia passou de 88.000 em 2000 para quase 1,6 milhão em 2004. E em 2002 , 11.300 filmes de pornografia foram liberados, em comparação com 470 de Hollywood. E ainda, que na meta-análise de 46 estudos publicados entre 1962-1995, compreendendo uma amostra total de 12.323 pessoas, os pesquisadores concluíram que material pornográfico aumenta risco de :

- Desenvolvimento de tendências sexuais desviantes (aumento de 31 % no risco ) 
-Cometer crimes sexuais ( aumento de 22 % no risco ) 
- Aceitar mitos de estupro (aumento de 31 % no risco )

Enfim, o sexo vende e a Rede Globo sabe disso, em momento que seu Voyeurismo BBB não decola, ela ataca de Paola Oliveira mostrando o bumbum, mas voltando, vi dezenas de situação onde as mulheres destilam sua ira contra a atriz (ou atrás) que se comunica com seu corpo e que devo salientar que comunicação, mas brincadeiras a parte é que com esse trabalho, ou especificamente de seus glúteos, Paola Oliveira, está deixando de lado um bom momento para apresentar Brasília aos brasileiros.

A fotografia da minisérie é impecável no que se refere aos fundos verdes e azuis de Brasília, seus pontos turísticos, suas mansões do lago, a relação venal no poder, mesmo a forma satírica de representar essa nova corja de burocratas de Brasília, com sexo, promiscuidade e a representação do nada, fica devendo a Brasília e a seu povo a uma melhor apresentação do espaço desenhado por Niemeyer.

Dos espaços vazios que nos convida a pensar na vida, do clima quente e seco, da tranqüilidade filosófica que deixa Brasília como uma capital espiritual do país, sua própria estrutura nos permite ver que a cidade foi construída para o bem estar de sua população.

Mas os anos se passaram e a capital do país que estava sendo planejada para 200 mil habitantes em 2000, já tinhas mais de dois milhões e cresce a cada dia, com isso trazendo problemas sociais e políticos, a capital da republica, apesar de suas belezas, tem nos seus contrastes sua verdadeira identidade, não é a do Rock do Legião e do Capital Inicial, mas sim a do Rapper de Ceilância, cantando a realidade da periferia do DF.

Brasília não pode e nem deve ser julgada pelos os híbridos habitantes dos corredores do poder político do país, e nem com que eles fazem em seus gloriosos momentos de fuder historicamente com o país.

Mas é isso que brasileiro gosta de bunda, e de xingar Brasília (espero que assim eu aumento os cliques do Dilacerado), para poder entender que o país está sofrendo uma profunda mudança de rumos, mas que ainda é pequeno e tímido, temos que compreender que as mudanças estruturais não podem ser travadas dentro das institucionalidades, e que somente uma ação organizada de radicais, pode trazer a verdadeira justiça social que queremos.

Por enquanto o sonho não venho quero me solidarizar com o povo de Brasília, que não vê os seus pilotis sendo explorados pelo seu lado urbanísticos, e que as únicas cursas são as do quadril de Paola Oliveira.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Soneto do encontro

Soneto do encontro.




Que diferente de outros sentidos, a palavra possa ser ouvida pelos olhos de quem lê
Que se perceba que um simples “ataque” de carapanã possa juntar duas almas
Que o som das palavras escritas possa ser ouvido com o coração e com a fé!
Pois não se imagina que almas gêmeas possam se irmanar assim, mas

Perceba-se, também, que a rotina do sorriso possa ser cantada livremente
Que o espetáculo da vida começa quando simplesmente a deixamos ser vivida.
E que as luzes de novas vozes possam ecoar em nossos corações e mentes.
Para que enfim possamos compreender que o mundo pertence a vida divida.

Compartilhar cada momento, mesmo que seja o único
Que as alegrias dos momentos felizes 
Possam ser maiores do que os momentos de tristeza

E que a cada mensagem, de cada pingo de chuva na janela
Possa entrar também quitutes servidos em bela panela
E que perceba que gestos de carinhos são apenas mensagem de afeto.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A Parábola do Pirarucu e o PT do Pará.


Nascido alevino o Pirarucu, um típico peixe da bacia amazônica, conhecido como bacalhau de água doce, chega aos impressionante 100 quilos ou mais, e ainda é caçado de forma artesanal em quase toda a bacia amazônica, conta a lenda que o Pirarucu é um peixe ancestral, e que não era pescado por que se tratava de big fish sagrado, ou algo parecido, mas o que eu quero falar é sobre com o Pirarucu é parecido com o PT no estado do Pará, começou com um alevino e ficou grande, um partido de respeito e que já dirigiu o estado e já de importantes municípios, mas assim como o Pirarucu, o PT no Pará está entrando em estado de alerta, sua extinção não é algo tão improvável.

A lenda conta que Pirarucu era um bravo guerreiro da tribo dos Uaiás, que habitava o Sudoeste da Amazônia.
Filho de Pindarô, chefe da tribo e um homem de bom coração. Mais Pirarucu era perverso, orgulhoso e egoísta, costumava criticar os deuses, maltratar e insultar a todos.
Certo dia, Pindarô foi visitar as tribos vizinhas, e Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém os índios da aldeia e executá-los sem motivo.
Tupã, o deus dos deuses ao observar o mau comportamento da Pirarucu, decidiu puni-lo, fazendo cair sobre ele uma terrível tempestade, espalhando relâmpagos e trovões por toda a região onde Pirarucu pescava às margens do rio Tocantins.
Pirarucu nem um pouco assustado, debochou de Tupã e se negou a pedir perdão pelos seus atos.
Foi então, que um raio fulminante atingiu em cheio o coração de Pirarucu, enquanto ele tentava fugir correndo por entre os galhos das árvores.
Todos os outros índios se esconderam na selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu sumiu nas águas e nunca mais tornou a aparecer.
Hoje o peixe Pirarucu que habita os rios da Amazônia.

Para além da fábula que o Pirarucu é uma  punição pois não respeito os povo da floresta, com o PT não é diferente, aqui no Pará ele teve uma trajetória diferente em seu conteúdo mais completamente igual na forma do restante do país, uma explicação há muito dada pelo nosso blog, ainda quando escrevemos os desafios do PT no Pará na qual fazemos a análise da formação do PT no Pará.

Sendo assim, resta-nos construir essa relação do PT com a Amazônia, destacando que há várias Amazônias dentro desse continente que é composto por vários países da America do Sul e de vários estados brasileiro, compondo assim a Amazônia Legal. Algumas particularidades culturais no Pará, que é produto da miscigenação do português, do negro, do caboclo e do índio.

Logo a formação do PT no Pará não passou pela UFPA, muito embora vários militantes de lá participarão de sua fundação, mas o fato é que o PT Pará tem uma ligação íntima com a formação da própria CUT, e a história de alguns sindicatos se confundem com a história do PT em cada cidade, em Belém, em Santarém e tanto outros municípios, com uma característica de mais serem sindicatos rurais do que urbanos, e os pouco urbanos tinham como principal vanguarda o Sindicato dos Gráficos, origem do atual Senador Paulo Rocha. 

Lembro de 1990, comício do então candidato Almir Gabriel ao governo do Estado em Sã Braz, tínhamos passado a noite anterior e dia confeccionando picolés (um cartaz com um cabo de vassoura para segurar no comício) preparamos mais de 150, e ficamos a tarde colando cartazes e bandeiras do Paulo Rocha (sua primeira candidatura), a equipe era apenas eu e o Apolônio, foi o primeiro comício daquela campanha, e por assim dizer e pelo fato do candidato não ser do PT e sim do PSDB a militância ainda estava com certo constrangimento de ir para rua.

Na hora do evento, esperávamos mais militantes de nosso grupo político para empunhar os picolés, coisa que não veio a acontecer e quando chegou a vez do Paulo Rocha falar no comício estávamos só nós dois, eu e o Apolônio, segurando os picolés, depois disso fizemos sérias críticas a todos os companheiros e companheiras que estavam na campanha do Paulo, queríamos e deveríamos colocar nosso bloco na rua da mesma forma e do mesmo empenho que tivemos na campanha do Lula no ano anterior e assim fizemos, e nós sabemos do resultado daquele ano, começávamos a ser peixe grande na política do Pará.

E a estratégia eleitoral se mostrou acertada, elegemos dois deputados federais, até aquela eleição não tínhamos representação na Câmara Federal e nove deputados estaduais, antes tínhamos apenas dois. Lembrando que não éramos a cabeça da chapa como em 2010, de lá para cá o PT sempre foi uma das maiores bancadas na ALEPA, mas esse ano que passou, perdemos em número e em quantidade nossa representação parlamentar, mas elegemos um senador, segundo petista na história do PT no Pará.

O que significado de fato essa nova relação de forças políticas no Estado e como isso reflete as diferenças políticas entre as forças internas no PT?

Em primeiro lugar representa que as forças políticas no Estado estão se cristalizando, ou seja, no novo cenário os partidos tradicionais estão no seu limite, e as novas forças políticas ainda não se constituíram como elemento de força nessa relação. Logo temos o PSDB que se consolida como maior força política do Estado, como dito antes, das últimas seis eleições ganhou cinco, e o PT apenas uma, e o PMDB nenhuma.

A base social do PSDB é compostas por setores mais atrasados da sociedade, em sua maioria composta de latifundiários, representantes dos capitais estrangeiros na região, particularmente os Japoneses, máfias de jogo do bicho, contrabando e de traficantes de drogas internacionais. Exagero? Certamente não é, o Pará é um estado grande e as última eleições o PT não teve candidato, e isso cristalizou a disputa interburguesa em nosso Estado.

Ao passo que o PMDB, que tem sua história recente a descendência do Baratismo, que no processo de redemocratização se mudaram de mala e cuia para o PMDB e que ainda hoje seu populismo é uma de suas características básicas, além de contra com a representação de Jader Barbalho, o principal nome e governador por duas vezes do PMDB, uma águia na política e que em nossos quadros do PT no Pará nem chegamos perto de ter um quadro político com tamanho preparo e inteligência.

Jader é um daqueles raros homens políticos que o faz sem esforço, seu pensar político é produto tão somente do ato de respirar e assim ele o faz de forma natural e espontânea, enfim, ele desde 1982 ainda não sabe o que é ficar de fora de um governo, e seus cúmplices estão sempre em cargos com significância, tanto em governo do PSDB como em governo do PT, eles conhecem o atalho para o poder. E agora com a quantidade de deputados estaduais certamente não haverá empecilho para aprovação das demandas do Governador Jatene na ALEPA, o PMDB sempre privilegiara a negociação do que a purê simples oposição por oposição, a história nos mostra isso e não haverá dessa vez quebra de paradigma.

O PSDB sai fortalecido nas suas relações institucionais, afinal cumpriram a promessa de se manter no governo e com isso permanecerá rodando sua indústria de corrupção e que se instalou em todas as esferas do governo do Estado, que tem duas causas um estrutura e outra conjuntural, a primeira é o processo de formação histórica de grupos de poder que trabalha com extorsão e corrupção, em sua maioria de agentes públicos, que entra governo e sai governo se mantém com seu quinhão, a segunda são os agentes públicos que entram com o novo governo, ainda não teve nenhum governador, inclusive do PT que desmobilizasse essa máfia institucional, o motivo ainda não está claro, mas esse seria o primeiro passo para construir um governo republicano no Pará.

O PSDB simplesmente se mantém na estrutura política do Estado para manter esses grupos mafiosos, sua pilhagem impede que o povo paraense possa superar a miséria do Marajó, a falta de infraestrutura de portos, aeroportos e estradas, sem falar em áreas como saúde e educação, essa é uma formula fácil de concluir, é só pegar os relatórios de gestão do atual governo e visitar aleatoriamente qualquer obra com o status de concluída que nesse caso a verdade saltará aos olhos, mas a Justiça e o Ministério Público do Estado só têm olhos para as cidades administradas pelo PT como é o caso de Cametá, que ameaças e interferências do Ministério Púbico, com veladas ameaças de propor o afastamento do prefeito, e assim seguem em tantos outros e devemos nos precaver com medidas administrativas, jurídicas e de ação junto com os movimentos populares para lutar pelos governos democráticos e populares, somente a combinação desses elementos podem impedir a sede de sangue do PT promovido pelos asseclas do Jatene no poder judiciário.

Afinal vamos perder vários deputados estaduais, mas mantemos nosso tamanho nas administrações municipais, logo vamos ter dificuldades em manter a quantidade de investimentos e de políticas públicas para esses municípios que o PT mantém a gestão de prefeitura, temos que preparar ações planejadas de Gestão, montando equipes técnicas vinculadas ao Diretório Estadual para dar suporte e consultoria para os gestores ligados ao PT, principalmente em algumas áreas como o planejamento, o setor de licitação e por fim áreas como Educação, Saúde e Assistência Social, além é claro do setores de infraestrutura e de geração de renda, de forma imediata, além é claro de trabalhar os canais de comunicação com a sociedade, através de campanhas de marketing e de publicidade de nossas ações.

Do mesmo modo não haverá defesa dos nossos governos municipais sem a mobilização social e sem os movimentos sociais, manter uma relação próxima dos governos do PT com a sociedade é imperativo para nos preparamos para os próximos embates com os tucanos, como foi em Soure, o próprio Medrado afirmou que a cassação seria o único caminho, mas a luta social e a mobilização dos setores técnicos jurídicos e a ação política parlamentar do PT foi determinante para o PT resistir a essa primeira ação, haverá ainda muitas outras, devemos estudar essa formula e adaptar para as demais regiões e cidade do Pará, pois o inimigo é apenas um, a máfia tucana.

Devemos agora discutir os resultados eleitorais, a partir das diferenças internas, o grupo político do Senador Paulo Rocha, já não é mais o mesmo, a Unidade na Luta não vem repetindo os mesmos resultados no campo da disputa interna, perdeu espaço e militantes para a corrente do deputado Beto, hoje a AS (Articulação Socialista) é o maior grupo político do PT no Estado, só para ter uma idéia, tem dois dos três vereadores de Belém, cidade em que a AS ainda não tem a hegemonia, e junto com o PT para Valer compõe a bancada federal e estadual de deputados, a Unidade não elegeu seus dois principais candidatos o Deputado Miriquinho e o professor Alfredo Costa.

E quais as atuais prefeituras o Senador Paulo Rocha deverá desempenhar um papel extraordinário para suprir a falta de parlamentares, lembrando que ele foi eleito por todos os segmentos do Partido, pois a eleição para senador não é proporcional é majoritária, logo o mandato e do PT, segundo as regras do jogo, só lamento que para construção da sua ação parlamentar ainda não tenha sido divulgada a partir de um planejamento maior, que envolvesse toda a militância do estado, mas enfim, conhecendo os agentes envolvidos essa vai ser uma crítica constante, o que é profundamente lamentável.

Enfim, espero que e 2015 possamos ver e aprender com nossos erros, dizer que eles não existem ou que são efêmeros não resolve o problema da perda de espaço tanto na Câmara Federal como na ALEPA, com relação ao espaço de senador, nada mais natural que uma das três principais forças do Estado possam estar representada, e o PT fez valer sua força, só temos que usar essa mesma tática para outras áreas, deixando de privilegiar determinados grupos ou indivíduos, e assim caminhar para se tornar mais próximo do PT nacional, como uma instituição em si e não a partir de valores individuais, como tem sido até o presente momento, o PT só deverá sair dessa encruzilhada quando apreender que o partido é maior que qualquer liderança individual e que somente sua estratégia maior deve ser prioridade, enquanto o PT submeter toda sua estratégia eleitoral para esse tipo de ação, os nossos adversários e inimigos estarão soltando fogos.

Devemos ser alevinos de Pirarucu novamente para então crescer novamente e se tornar um partido que possa influenciar os resultados e o desenvolvimento humano e social do estado do Pará, para então, em sintonia com o PT Nacional e o Governo Dilma, tirar o Pará da miséria, na qual estamos submersos e assim construir um estado republicano, democrático e cidadão! Com relação a fábula o texto realmente não tem muito haver, mas para quem conhece o dia a dia do PT no Pará sabe bem por onde anda a linha perverso, orgulhoso e egoísta e onde devemos superar.

sábado, 3 de janeiro de 2015

AINDA EM DEFESA DO MARXISMO!



Com o inicio das conversações para a retomada do dialogo entre Cuba e os EUA, o mundo rever o renascimento de alguns tópicos que para os teóricos burgueses e para a pedante academia brasileira já era letra morta, o Marxismo demonstra mais fôlego que todas as artimanhas americanas e todo o bombardeio ideológico da direita no globo.

Sinto-me na obrigação de demonstrar todo o processo histórico que fomentou essa dita derrocada do marxismo, mas dessa vez me absterei desse processo, mesmo a sua relação econômica típico das análises marxistas, para tão somente me ater aos desdobramentos filosóficos, esses sim na atual etapa de luta de classes merece destaque e, para não dizer que eu não falei das flores e construir um manual prático para orientação da luta política dentro e fora do Marxismo.

Podemos começar com a morte do Marxismo, tão propalado no final da década de 80 do século passado, o Marxismo foi vilipendiado, arrancado das academias e finalmente enterrado com o fim da história. Por anos, ser marxista era algo tão démodé, mesmo sem o charme de outrora, chegamos ouvir barbaridades tipo “nem Marx era marxista” e por ai a fora.

Certamente a campanha promovida contra o Marxismo pode ser apenas comparada a perseguição romana ao cristianismo, no século primeiro após a morte de Jesus. Com uma diferença básica, contra o Marxismo a burguesia utilizou a internet, além é claro dos atuais meios de comunicação de massa, inclusive a transmissão por satélite.

Os americanos queriam simplesmente esmagar o pensamento Marxista, da mesma forma que eles fizeram com seus índios, o que os espanhóis fizeram com as tribos indígenas do México, e assim por diante, e vamos ser sinceros quase o conseguiram, abriram mão mesmo de táticas até então desconhecidas e algumas de difícil explicação, como é o caso do constrangimento, do terror psicológico e da perseguição política que culminava com o processo de disseminação da esquizofrenia em determinados militantes suscetíveis a esse tipo de ataque.

Essa questão teórica ainda é a mola de toda a pesquisa para a atualização do Marxismo, pois ela permite a compreensão dos diversos mecanismos para a derrocada dos países do Socialismo Real, inclusive o câncer gerado pelas suas próprias contradições sociais: o Stalinismo. Um trabalho maior que ainda está em fase de pesquisa de campo, mas têm dois grandes objetivos o primeiro é a análise que levaram a destruição dos Estados Operários Deformados, e a segundo e a construção de novas teorias políticas, econômicas e sociais que as justificassem, sem as quais não seria possível derrubar o muro de Berlim.

A metodologia utilizada na construção desse trabalho é a pesquisa de campo, com a participação de 117 casos que acompanhamos em mais de 5 países, um grupo de estudo e outro grupo de controle, que comportam mais de sete pesquisadores, todos marxistas, na qual a minha participação é na sua construção metodológica e filosófica, mas enfim, como disse é uma pesquisa ainda em elaboração, estamos já acompanhado esses cases desde 1997, e devo adiantar que ao reatar as relações diplomática entre Cuba e os EUA já teve algumas conseqüências imediatas na pesquisa.

Mas por hora vamos no ater apenas nos aspectos epistemológicos que essa retomada de relações desencadeia nas relações políticas e filosóficas dentro do pensamento moderno, ou mesmo no pós-moderno, sejam elas eurocentristas ou da chamada epistemologias do sul, todas essas variantes merecem certo destaque, entretanto no campo do conhecimento o pensamento abissal consistiu na concessão à ciência moderna do monopólio da distinção entre o verdadeiro e o falso, o que foi determinante para a consolidação da proposta de fim da teoria marxista.

Até pelo fato do pensamento Marxista ter origem européia e certamente dentro do contexto da epistemologia do sul, se enquadra no processo de dominação civilizatória de uma idéia superior, onde o pensamento no restante do mundo não civilizado perpassa pela sua distinção entre o certo e o errado, o problema dessa compreensão é o não ajuste do processo de contribuições filosóficas em uma linha do tempo humano, independente do processo impositivo civilizatório.

A bem da verdade, o Marxismo, supera essas contradições a partir da identificação de uma processo anterior a construção epistemológica, o próprio processo metodológico! Essa perspectiva de atribuir tão somente a construção conceitual o resultado final é bem típico de quem não compreende toda a formação do conhecimento, sem a qual não se tem validade cientifica.

Obviamente que não se pode negar que a construção das críticas a forma de pensar do europeu e do americano do norte influenciaram e ainda influenciam toda a chamada civilização moderna e contemporânea, mas acreditar que o processo de construção do pensamento humano, mesmo que em outras épocas ou mesmo em outras eras e em dimensões distintas não se comunicavam, não se encontrando em parte nenhuma, ou mesmo sendo completamente distinta de uma humanidade, não quero que isso seja determinante para uma completa falência do pensamento moderno ou mesmo dele pós essa modernidade.

Se identificarmos ele a partir de uma compreensão que se desenvolve de forma combinada e desigual elimina-se os valores de dominação o que resulta em outro processo de construção epistemológico, o que certamente não se enquadra nos valores apresentados nem pelos críticos ao Marxismo, nem mesmo aos críticos ao pensamento moderno, em ambos os casos, eles descartam que essa comunicação entre o pensamento humano possa ter existido, o que renega profundamente o pensar dialético.

Ao antecipar o processo de construção epistemológico a um método que abrange distintas combinações de análise e que levam em consideração sua negação e a negação da negação, além do quantitativo e o qualitativo, as suas antíteses e sínteses e, sobretudo, que possam combinar forma e conteúdo, como diria o grande filósofo paraense Paulo Gaya, ainda não vi ninguém enchendo paneiro com água, mas acima de tudo que essa combinação de elementos metodológicos possa compreender outro elemento fundamental para se comportar como uma categoria de estudo, o desenvolvimento desigual e combinado.

Antes de entramos nas questões metodológicas da compreensão epistemológica deve-se ressaltar que fazemos parte de uma única humanidade que tem na sua construção histórica etapas distintas, diferentes e distantes, e que não se pode construir uma compreensão maior ou menor de cada uma dessas etapas, em lugar nenhum do globo, o processo civilizatório, seja ele imposto ou mesmo desenvolvido a partir de conceituações distintas dos centros que emanam o saber, é genuinamente gerado a partir de disputas políticas nas suas sociedades, não há como distinguir o explorador e dominador europeu de um explorador e de um dominador local, as relações tribais estavam e estão fadados ao processo de desenvolvimento econômico, social e político, e não se encerrará pela simples compreensão de que não se deve impor um Deus ou mesmo uma moeda a qualquer um, em qualquer época e em qualquer sociedade.

Valores éticos e morais sempre serão movimentos em disputa constante, não há em nenhum momento histórico conhecido de desenvolvimento do pensamento humano que ele tenha sido aceito pela simples evolução, de uma simples aceitação, de um simples convencimento. Critérios humanos como a individualidade, a crença, as relações sociais e políticas sempre serão em última análise os critérios que determinaram os conflitos humanos, e que estarão intimamente ligados ao processo de desenvolvimento dos meios de produção. A aceitação que é no conflito, seja ele violento ou não, que se desenvolvem as potencialidades humanas é uma constante e não apenas uma variável na história das diversas civilizações conhecidas.

A diferença entre esses distintos processos está justamente na compreensão daqueles elementos que são únicos em todos, e que se repetem até a exaustão e simplesmente são renegados sistematicamente, pois eles revelam uma ordem, um sistema, leis gerais e mesmo específicas, uma forma que não determinam seu conteúdo, mas disciplinam sua interação com o humano. Essa compreensão pode ser avaliada mesmo a partir de uma memória genética, estamos tão a beira de uma construção teórica dentro da biologia que permitirá identificar genes que repassam a outras gerações saberes que eles logo, depois de decodificados, serão aperfeiçoados e colocados em uma chave que liga e desliga ao interesse coletivo.

Esse é apenas um elemento do desenvolvimento humano combinado, a genética ela é a representação física, química e biológica dessa evolução, a forma como ela se dá ainda não está totalmente claro, mas temos a convicção que ela existe, e que fatores sociais, políticos e econômicos também dão essa formatação a própria espécie humana. Longe de ser uma tese é uma certeza cientifica, o mapeamento do DNA humano nós dá essa comprovação.

Esse desenvolvimento obviamente não é igual, ele é diversificado, e levam em consideração fatores externos, com o próprio meio ambiente, lembro-me de ler na autobiografia de Trotsky que ele considerava importante o período que ele passou na Sibéria, pois assim ele teve tempo de elaborar e pensar sobre o mundo, em pequena proporção esse período que ele ficou recluso permitiu a ele ter uma perspectiva diferente da vida, podemos citar outros como o próprio Gramsci onde suas cartas do cárcere são importantes contribuições para o Marxismo.

Não quero aqui defender que os Marxistas passem férias na prisão para seu aperfeiçoamento teórico, mas isolando potencialidades e permitindo que o tempo necessário para o amadurecimento de idéias, de projetos e fatos, possam se constituir como elemento metodológico anterior a própria idéia, a projetos e a fatos. 

E perceber ao mesmo tempo em que esse processo é combinado e que ele se desenvolve de forma desigual em diferentes partes do mundo, quantas vezes fomos surpreendidos por descobertas cientificas quase que simultaneamente, como os cálculos de variáveis, que gerou grande dor de cabeça a Newton, mas enfim, estamos ligados de uma maneira única e há uma espécie de consciência coletiva que pode ser tocada, nada mais objetivo, aquilo que Marx falava “que tudo que é sólido se desmancha no ar” é bem mais complexo e inteiro de que imaginávamos.

Isso não é obviamente a constatação da existência de Deus, ou de uma força invisível, mas é tão simplesmente a compreensão que a humanidade está relacionada a seu desenvolvimento anterior e posterior, de uma forma que não se pode negar ou mesmo impedir, a epistemologia do sul, com sua compreensão abissal permitiu substituir a crítica ao desenvolvimento do capitalismo do marxismo, para poder canalizar essa mesma crítica a uma beco sem saída, sem expressão e sem violência ao sistema.

Nisso se resume a tentativa de superação do Marxismo, mas que com a atual evolução das relações entre Cuba e os EUA, reabre esse debate de maneira que podemos hoje estar de pé, de compreender que a luta social ainda tem uma alma ideológica, que sustenta a luta de classes como mecanismo de movimento da luta política e que essa luta política move a história.

Ainda tem-se muito a elaborar, mas vou encerrar por aqui, com a promessa de voltar ao tema assim que possível, pois essa parte da pesquisa é fundamental para compreensão do próprio desenvolvimento humano e das suas atuais contradições, berço de toda elaboração do Marxismo de hoje!



Marcelo Bastos.

Balanço 2014 – II Parte (Posse da Dilma)



Depois de destacar o papel da grande mídia na política e o seu contraponto as mídias sociais. Volto agora a uma análise marxista do processo político no Brasil, que teve claro seu ponto alto no processo eleitoral, contudo, deve-se perceber que a conjuntura econômica teve mais influência que as análises até aqui apresentadas, em primeiro lugar objetiva-se desfazer o discurso que a crise econômica que o Brasil atravessa nada tem haver com a atual cíclica global, parece que o discurso do PSDB de que a crise é apenas de gestão e tão somente de gestão soa de forma firme e revigorante nos meios de comunicação, e eles para comprovar isso constituíram um arauto, de uma moralidade incapaz de ecoar na sociedade, como foi o caso de Aécio Neves.

A essa questão devo retornar um pouco mais a frente, contudo, a crise global é mais uma cíclica do capital financeiro, que percorre o mundo em busca de lucro alto e qual modo seria mais fácil do que emprestar dinheiro a juros altos? A ciranda financeira move os lucros das grandes multinacionais e ainda giram as rodas de quem ganha e de quem perde, como se fosse um imenso carrossel, onde quem espera na fila apenas deixar de participar momentaneamente, mas na hora exata começa a ganhar novamente.

É mais fácil explicar montando um esquema matemático, mas as variáveis tornariam esse artigo pouco atraente, mas o que importa salientar é que nada mudou, algumas companhias ganham agora para outras ganharem depois e isso vem se revezando a muito tempo, com a crise sempre alguém ganha, e a medida que as economias nacionais estão em processo de estagnação os olhos se voltam para as economias que retém em seu acumulo primário reservas cambiais satisfatórias que justifiquem a pilhagem.

No mar revolto dos mercados as economias que mesmo diminuindo seu processo de crescimento ainda impulsionam as grandes companhias de investimentos ao passo que as economias em crises estão na fila de espera do carrossel onde os ganhos são menores, posso citar o fluxo de capital oriundos da Ásia como exemplo disso, se notarmos a movimentação desses capitais eles voltaram sua pilhagem para a Europa, África e America, diversificando sua cesta de investimentos, segundo dados do Financial Time (2014).

Em suma, a crise econômica global é um jogo perfeitamente sincronizado e com uma fila de espera para as companhias participarem, as economias nacionais agora são apenas iscas para os grandes predadores, o que resta a fazer é construir mecanismos sociais de proteção ao envio de remessa de lucros, limitar a circulação de capitais voláteis e diminuir estrategicamente a taxa de juros nos países, em contrapartida o controle inflacionário deve ser uma meta alcançável, sem, contudo, estrangular a capacidade de compras dos salários, essa equação é notoriamente difícil de ser estabelecida.

Essa fórmula o governo brasileiro de certa forma tem alcançado, os mecanismos de controle do processo de fluxo de capitais tem se tornando uma verdadeira tormenta do Banco Central Brasileiro, e as atuais indicações para a equipe econômica é um sinal claro que o Brasil vai manter essa eterna vigilância do sistema Monetário nacional, não acredito que o governo Dilma possa enfrentar esses fundos, a conciliação é o caminho escolhido pelo governo do PT.

Desmistificado a acusação que é de gestão a etapa cíclica do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, que tende a ser tardio e pedante, chegando mesmo a ser chato. O processo de investimento em infra-estrutura e logística para suporte a produção de bens, para a agricultura, para a pecuária, enfim, para os setores produtivos da economia ainda são insuficientes, ressalta-se que o essa forma precária de capitalismo tem um berço antigo, e que os últimos 12 anos ainda não foi e não é capaz de superar o descaso com o fortalecimento e a diversificação da economia brasileira, mesmo o governo do PT tendo criado o PAC e o PAC 2.

Não quero aqui defender as políticas econômicas adotadas desde o plano real, ou mesmo bajular a transferência de renda como política compensatória do PT, mas compreender que o movimento da economia global e suas particularidades no Brasil representam tão somente a decisão política de se estabelecer o papel do país no cenário mundial.

Contudo, com a crise mundial, e em especial as crises no EUA, Europa e Japão forçaram a America Latina ter um significativo aumento nas transferências de commodities para as grandes corporações, ao passo que na política os governos de centro-esquerda aumentaram significativamente sua influência, consolidando em alguns países sua hegemonia como é o caso do Brasil, do Uruguai e da Bolívia, que fizeram acordo com as corporações.

A China e a Rússia aparecem nesse cenário com papéis distintos e complementares, ao passo que a China tornou-se a maior economia do planeta, a Rússia assumiu o papel de ser o braço armado da luta contra o império americano, obviamente que isso ainda se restringe aos espólios da guerra fria, contudo esse processo apenas repete a construção já batida da própria guerra fria.

Do mesmo modo a luta anti-terror dos EUA começou a vazar água pelas suas políticas de contenção aos grupos terroristas, parecem que eles simplesmente esqueceram das lições dos anos 70 e 80 do século passado, onde financiaram os grupos terroristas que ajudaram a derrubar na segunda metade da década de 90 do mesmo século, que ainda deixou profundas marcas nas sociedades do Oriente Médio, como o conflito social no Egito. A questão da Palestina ainda motivada por questões seculares mascara o controle do escoamento da produção petrolífera da região para a Europa e para a Costa Atlântica dos EUA.

Deve-se discutir outro elemento que gerará na região mais tensão, a questão da água, se por um lado não se tem objetivamente nenhuma guerra por causa da água, por outro não se pode negar que ela está se tornando cada vez mais escassa em algumas partes do globo, e com isso seu preço de mercado já vem sendo objeto de estudo de várias corporações, esse tema é parte de um estudo em separado que a medida que obtivermos resultados publicaremos, mas posso adiantar que trata-se de um levantamento históricos dos conflitos (há conflitos e não guerras entre nações) envolvendo a água, bem como o seu valor de mercado. 

Os grupos chamados de terroristas pelos EUA nada mais são que grupos de resistência a usurpação de sua cultura e riqueza, mas cabe salientar que não podemos compactuar com o terror de forma isolada, somente a organização popular, na construção de levantes que indiquem claramente um rumo socialista é que poderá superar o caráter reacionário desses grupelhos.

O mundo já no final de 2014 observou com certo alarde a comunidade de Cuba e dos EUA em reativar suas relações diplomáticas, após 53 anos de bloqueio econômico da ex-maior potencia mundial contra uma pequena ilha caribenha, percebemos a força da resistência coletiva, contra todo o tipo de sabotagem, terror e guerra. Mas Cuba deve manter-se vigilante nas conquistas da revolução e indicar um caminho para as jovens democracias da America Latina, que somente o Socialismo é a alternativa para acabar com a subserviência aos EUA.

E o Brasil tem papel de liderança nesse novo cenário! Claro, mas caberá ao PT superar as limitações que estão sendo imposta para ele, dentre ela, estabelecer novos parâmetros éticos e morais que permita superar as falhas atuais, a relação promiscua que o PT está tendo com a coisa pública, essa relação não pode ser feita apenas com uma simples declaração, as atuais medidas tomadas pelo seu último congresso apenas faz uma reflexão, um primeiro passo, mas ainda insuficiente.

Obviamente que as relações entre o trato do Estado com os seus serviços e os serviços prestados ao cidadão ainda estão em processo de construção, o que temos é um gigante, um país monumental e que tem um estado em completa falência, são mais de 500 anos de descaso, de abandono e de luxuria com os recursos públicos.

Se por um lado, a constituição de um estado real, atuante e presente começam pela ampliação dos serviços a população. Por outro, a conquista política do PT e de seus aliados, em um governo de coalizão de centro-direita, é representativo, pois inicialmente os marxistas classificavam esse governo com um governo de frente popular, uma generosidade descabida, o governo do PT não é um governo de frente popular, mas sim um governo burguês com compensações, uma administração que não rompe com os processos históricos anteriores de gestão e nem tampouco se propõe a quebrar paradigmas, tão somente a se construir como um estado nacional.

Se após a ditadura militar o Governo Sarney teve a preocupação em realizar uma transição pacífica e gradual entre a ditadura e a democracia, os governos posteriores seguiram a receita do FMI, que foi elaborada para pilhar o leste europeu e a URSS, após a derrocada do muro de Berlim, e que foi transportada sem adaptações para a America Latina e África, esse erro histórico permitiu a esquerda ocupar espaços que antes eram destinados ao lambe botas americanos.

Essa dinâmica fez com que o PT assumisse o papel de gerenciador do capitalismo no país, e os principais teóricos petistas perceberam que era necessário que o estado fosse de fato nacional, fator progressivo, mas teve um preço, e uma geração de combatentes e guerrilheiros de esquerda ainda foram perseguidos e presos, mas manteve o ritmo de construção de um Estado Nacional, etapa que os EUA e a Europa realizaram 200 anos atrás.

No campo político o ano de 2014 girou em torno das eleições, passado as tormentas do julho de revoltas e protestos, o que se viu foi uma rearticulação de grupos de extrema direita, nazi-fascistas e fundamentalista, chegando ao absurdo das declarações do Bolsonaro na Câmara dos Deputados, esse elemento somando a posição das grandes mídias foram os determinantes e deram o tom na campanha.

Não se pode deixar de considerar relevante a morte acidental (?) de Eduardo Campos e a sua substituição por Marina Silva teve repercussão imediata nas pesquisas eleitorais, chegando mesmo a um empate técnico com a Presidenta Dilma, superando-a em algumas estimativas no segundo turno, mas a base de apoio que ela constitui não foi suficiente para capitalizar o ódio ao PT e a esquerda como um todo, afinal ela veio desse nicho, e por mais que se possa acreditar que ela tenha realmente vendido a alma ao diabo (leia-se Itaú), o preconceito de ser mulher, negra e do norte foram suficientes para tira-lá da disputa.

Contudo, esse efeito Marina reflete alguns setores políticos que não estão satisfeitos com o PT e nem tampouco com o PSDB, mas acima de tudo representa uma coalizão de centro que possa possibilitar um aumento dos lucros dos banqueiros que tem um discurso de “responsabilidade social”, e das empresas que trazem esse conceito para o debate, além é claro da própria Rede Cidadania, um conceito que não é novo, mas pode ser inovador, mas que fica no limite do capital, ou seja, não o combate apenas quer o humanizar, como se isso fosse possível, mas esses setores tendem a se fortalecer, mesmo que Marina Silva não seja o nome futuro.

O primeiro turno foi caracterizado pelo debate morno e sem sal, pois aparentemente todos os candidatos tinham as mesmas propostas, como nomenclaturas diferentes, os próprios debates na televisão foram mais palco para os nanicos do que necessariamente dos principais candidatos, o formato dos debates e a própria legislação eleitoral transformaram esses candidatos em caricaturas, em personagens folclóricos e que em nada contribuíram para o debate. Não por falta de idéias ou conteúdos, apenas o formato da distribuição do tempo de TV é uma enorme palhaçada.

Com relação a polarização entre o PT e o PSDB no processo eleitoral é apenas mais um capítulo, devo lembrar que em antigos artigos, eu já descrevia que o PT passaria pelo menos 20 anos no poder político do Estado, já garantiu 16! Mas naquela época eu avaliava que Zé Dirceu permaneceria vivo e articulando, uma zombaria que a direita não tolerou, mas enfim, a eleição foi claramente um processo que separou, no segundo turno, o que é progressivo e o que é retrógado no processo de construção de um Estado Nacional.

A vitória de Dilma, depois de um gosto de derrota no primeiro turno, representa muito mais que um bem elaborado plano de marketing, ou mesmo de uma avaliação positiva de seu governo, mas representa, antes de tudo, a luta política contra setores reacionários na sociedade brasileira, parte da esquerda não compreendeu essa etapa da luta de classes, mas alguns setores sim, e isso ocorre pela primeira vez na história da esquerda, um movimento de pequenos setores ortodoxos marxistas fizeram campanha de forma crítica, mas esse pequeno movimento das asas da borboleta serão sentidos mais a frente, quero sempre aposta nisso.

De outro modo a campanha não dividiu o país como foi alardeado, o resultado eleitoral não se constitui, de forma imediata e irreversível, em novas fronteiras, mas indicam um caminho da disputa futura, mas se teve algo positivo no processo foi a constatação que o povo brasileiro se vê como um país unido, que têm várias línguas e culturas, mas unido em ser brasileiro.

Nem em seus piores pesadelos a direita imaginava que o Brasil seria goleado por 7 a 1 pela Alemanha na copa do mundo, muito menos, que suas vais seriam contestadas, e sua soberba e dinheiro fossem derrotados, pelo mesmo capital que eles investiram, a relação entre derrota da copa e do PSDB é bem mais nítida agora, a Copa do Mundo não foi um evento para capitalizar votos para a Presidente Dilma, mas poderia capitalizar votos para Aécio, essa relação é percebida a medida que a campanha foi avançando, com os temas e cores da campanha de Aécio, até mesmo a imagem de Neymar foi utilizada na reta final de campanha, se o Brasil tivesse ganhado a copa, a campanha faria com que os jogadores campeões desfilassem cotidianamente no horário do PSDB.

Não se pode alegar que a vitória de Dilma tenha sido provocada por erros da coordenação da campanha de Aécio, o neto pródigo de Tancredo, mas foi um conjunto de fatores que inclui a caracterização de Aécio como um “playboy” cheirador de pó, a própria postura arrogante e desrespeitador com a figura de uma mulher e de uma presidente no debate deve ser melhor analisado na configuração do resultado, mas cabe destacar que ele até podia cheirar o pó que quisesse, como o fez certamente, a capacidade de qualquer um não pode e nem deve ser metido pela suas transgressões, e claro o discurso até certo momento do PT em atacar esse lado foi desnecessário e reacionário por parte dos dirigentes do PT, contribuindo assim para aumentar o preconceito com relação aos usuários de drogas, que não é no Brasil um caso de polícia e sim de saúde pública.

Deve-se destacar o papel de Lula na campanha, certamente foi um desafio pessoal e por que não dizer político, o fato dele estar na campanha como se realmente fosse o candidato é muito representativa e tem um significado, que mais tarde voltaremos ao assunto, em outro artigo. Contudo, a própria postura da Dilma, frente as críticas ao seu governo, aos ataques sistemáticos da mídia, os escândalos da Petrobrás, as críticas a Copa do Mundo, enfim, um cenário de terra arrasada, permitiu que ela mantivesse uma serenidade e um clareza em suas idéias que não tínhamos presenciado na eleição anterior.

Essa maturidade não é somente produto de quatro anos de mandato, mas sim de sua compreensão política do processo histórica que ela participava, e a divulgação do Relatório Final da Comissão da Verdade comprovou essa afirmativa, foi o momento que ela se deixou levar pela emoção, mas que também era um gesto de desabafo de toda agressão que sofreu durante o ano inteiro, da forma desrespeitosa e preconceituosa que teve que engolir mais de uma vez, diga-se de passagem.

O resultado eleitoral só confirmou a tendência da America Latina a esquerda, mas acima de tudo, foi a vitória contra o preconceito, contra o nazi-fascismo, e que representa ainda a continuação da construção do estado nacional, mas ainda caracteriza o PT como partido de centro, sua posição a esquerda se perdeu, sua própria base de formação social modifica-se e os acordos assumidos levaram inevitavelmente a um período de desgaste maior.

O próximo governo de coalizão deverá ser marcado ainda por escândalos de crimes cometidos nos últimos dez anos, sejam eles por omissão ou mesmo por participação direta, mas isso será conseqüência de dois elementos que se combina, o primeiro é a decisão do PT de não passar mais a mão na cabeça de ninguém, o que culmina com o fortalecimento dos mecanismos estatais de controle e da própria polícia federal. 

O segundo é o papel da imprensa burguesa e das mídias sociais que deverão ficar atentas para os percalços de certos setores do governo de coalizão, não querendo fazer previsões, mas acredito que no médio prazo, as mídias sociais serão os principais elementos de denúncias de esquemas de desvios de verbas, a dita lei da transparência deve contribuir para uma mudança cultural, e o próprio PT deve ser o agente desse processo de assimilação do estado nacional, certamente virará uma febre nacional o de denúncias via as redes sociais.

Enfim, 2015 será um ano de muita disputa política, muito embora seja um ano sem eleição, caberá a esquerda do país construir críticas que permitam a superação do modelo de desenvolvimento econômico sem a responsabilidade social necessária, do mesmo modo, é necessário construir alternativas de organização que permitam o debate e o envolvimento dos setores organizados dos trabalhadores, para a necessária elaboração coletiva, somente isso poderá dar ao conjunto dos setores de luta social motivações que permitam ter novos elementos conceituais para superar as crises cíclicas do capitalismo.

Isso seria apenas um sonho ainda distante, mas é esse nosso propósito, construir sonhos, e quem em 2015 tenhamos muitas lutas e que nossas lutas possam trazer vitorias para os trabalhadores, que 2015 seja um ano de luta e vitórias.


Marcelo Bastos