quinta-feira, 18 de maio de 2017

Sobre o Fora Temer?

Sobre o Fora Temer?

Será essa mesmo a unica saída a esquerda?


Ando meio angustiado, confesso que sempre levei a luta política e social para a perspectiva da construção das condições subjetivas da revolução, pois segundo Trótsky as objetivas já estavam “apodrecendo”, e isso ele escreveu na década de 30 do século passado, imagina agora como elas estão em estágio avançado de putrefação, e é esse o problema, não vejo nenhuma força política de esquerda, seja de partidos ou de facções que permitam fazer uma análise que possam ir além dessas estruturas podres, o que mais me preocupa é que a esquerda se limita a pedir eleições, ou pior fora todos?

Sejamos absolutamente verdadeiros nesses momentos históricos, a ausência de um partido revolucionário, a traição do PT e a minúscula estatura dos partidos como PSOL, PSTU ou PCO, indicam que ainda sofremos de uma crise de direção que Trotsky previu no mesmo livro, Programa de Transição, não quer ser aqui o ultra esquerdista, mas como ir para uma disputa dessa proporção se nossos exércitos foram desarmados, se nossos lideres foram presos e desmoralizados antes dessa batalha que se aproxima, se os movimentos sociais foram, há muito, burocratizados, e reprimidos para serem apenas servos eleitorais?

Vamos pensar que se o PT e os demais partidos de esquerda não podem optar por uma ruptura revolucionária e ficam no marco da institucionalidade e do chamado estado democrático de direito, por que pedir eleições diretas, um Consignia revolucionária nesse momento de crise, pois a Constituição prevê que em crises como essa, em seu Art 81º que será chamado uma eleição indireta e a manutenção do calendário eleitoral, hoje se chamar eleições diretas seria na verdade um contragolpe ao golpe parlamentar, o que seria correto, mas tem a merda da correlação de forças no Congresso, isso o mesmo congresso que votou pelo golpe a Dilma.

Por outro lado, temos que compreender que o PT nunca quis ir além da institucionalidade, não se preparou para isso por que não acredita que a construção do Socialismo perpassa pela ruptura revolucionária, ele escolheu as reformas no Estado como mecanismo moderador das relações entre Capital e Trabalho, elegeu as conquistas pela cidadania como tática de guerra e se lambuzou nas relações mercantis para se fazer uma governabilidade em um jogo espúrio para manter privilégio e os altos ganhos dos banqueiros e do capital especulativo internacional.

O problema nessa equação começa quando o PT descobre que no Pré-Sal tem recursos suficientes para dar outro equilíbrio no poder do globo e com a articulação do BRINC’s a balança começa a pender para outro lado que não mais a do Imperialismo Ianque, o que força os Estados Unidos a construírem duas políticas distintas e complementares, uma interna que se iniciam com a eleição de Trump e a outra já é uma tática conhecida dos ianques que são os golpes enxertados de forma precisa em países em desenvolvimento e no Brasil não foi diferente, esse dois fatores são os condicionantes dessa realidade que estamos observando agora.

Contudo, ao não ir além da institucionalidade o PT vai construir uma política de ziguezagues entre fazer a propaganda para as eleições diretas, mesmo sabendo que não há amparo constitucional para que isso ocorra, e mente quem diz o contrário, e nesse momento a mentira só serve ao grande capital, e que a manutenção do processo como descrito na Constituição só levará a um governo tampão para o processo eleitoral e como não há forças vitoriosas, a ralé do Congresso, ou o chamado baixo clero, devo se levantar, e com isso pode ocorrer enormes perigos, pois os sistemas fascistas começaram normalmente com a cópia desse cenário, profunda crise institucional, sociedade dividida, sem uma força hegemônica nem de um lado e nem de outro e a ausência de uma esquerda revolucionária. Enfim o fascismo!

Esse é o segundo cenário, pois a medida que o PT estica a corda em uma conjuntural favorável as suas mobilizações, sem a intensão de realmente quebrar a institucionalidade, a tensão só favorece a medida que o calendário eleitoral é mantido, pois a única visão de futuro do PT e o Lula-lá em 2018, abre-se necessariamente com essa politica dois novos fatores, o primeiro são os constitucionalistas que lutaram para manter a Constituição de 1988, e os segundo são aqueles que em nome de uma ordem, vão propor, como já o fizeram, que o golpe avança para um estágio bonapartista, o que deve ser através do STF, uma espécie de ditadura da toga!

Compreender esses dois processos deverá ainda levar algum tempo, não há como nesse momento pedir racionalidade dos agentes de esquerda, e nem do PT (direita moderada e constitucional), a política de tática eleitoral levará eles aos seus limites legais para então fechar um grande acordo e esperar o calendário eleitoral e nisso reside o perigo, como nenhum dos lados tem a hegemonia politica na atualidade, os fascistas poderão a partir dessa política ingênua de pressão sem consequências real, propor as ações que estão ainda inibidas na conjuntura, como a prisão do Lula, a cassação do registro do PT, fechamento de alguns sindicatos e assim pavimentar a construção de um regime autoritário.

Nesse momento os revolucionários têm algumas missões, entre elas abrir mão de sermos conselheiros da frente popular, nada de conselhos, a trajetória deles suicida favorece o fim dos aparatos burocráticos nos partidos e isso pode ser um atalho para uma nova direção, a segunda é que precisamos nos organizar, chamar um seminário, um encontro, ou seja lá o que for para se discutir as bases de um programa revolucionária para crise, e com isso lanças ao horizonte nossos sonhos de ruptura revolucionária e se prepara para a clandestinidade e para a ilegalidade. Quem viver, verá!




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